Extensão em Terapia Social: Porque conhecer aspectos socioculturais para trabalhar em Saúde Mental?

  • Data de publicação
    22 de julho de 2021
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Sabemos, impulsionados pelos estudos que se intensificaram na década de 60, que a sociedade e a cultura influenciam o comportamento humano e que seu entendimento pode nos ajudar, tanto a diagnosticar como a recuperar uma pessoa doente.

Sabemos também que, se considerarmos os aspectos socioculturais de uma cidade podemos investir na prevenção da saúde. O grande desafio nos últimos anos foi encontrar uma técnica que considere estes aspectos, para o trabalho sistemático nesta dimensão, pelos profissionais envolvidos com a saúde mental.

Com este objetivo, de trazer uma vasta e consagrada experiência num curso de 30 horas, é que a CESUSC lança um curso nacional recorrendo à experiência prática de dois psiquiatras, membros da Associação Brasileira de Psiquiatria Cultural.

Eu, Marcos de Noronha, de Florianópolis, e Ottorino Bonvini, italiano radicado em Fortaleza, trabalhamos sob estes aspectos em nossas cidades e perguntamos: Quer trabalhar com psicoterapia de grupo, presencial ou à distância, neste momento de pandemia? Então nossa técnica pode contemplar objetivamente e de forma eficaz esta categoria psicoterápica.

Será uma capacitação à distância para profissionais de Saúde Mental, em caráter emergencial, para assistência psiquiátrica e psicoterápica, com possibilidade de evoluir para uma “mentoria” permanente.

Esta iniciativa terá apoio dos meus serviços de Terapia Social e minha equipe em Florianópolis, inicialmente através desse Curso de Extensão, previsto para dois módulos de 15h e à distância, podendo migrar para um programa permanente de apoio.

O curso apresenta as técnicas para intervenções em grupos de terapias que valorizam o conhecimento de fatores socioculturais relacionados com a doença mental, na sua gênese e recuperação, e discute as principais referências teóricas.

Contaremos com a revisão dos aspectos básicos das psicoterapias de grupo, e especificamente, estimularemos o uso tanto de uma Terapia Social como uma Terapia Comunitária.

Defendendo uma abordagem ampla dos fenômenos, considerando os conhecimentos de disciplinas fronteiriças, como Antropologia, Sociologia e Psicologia, para reconciliação com os novos conhecimentos biológicos, os professores apresentarão sua prática consagrada nesta modalidade.

Considerando também que estes fatores socioculturais influenciam desde a plasticidade até a frequência das doenças mentais, como reconciliar o olhar da antropologia com a saúde e nossos conhecimentos psicológicos?

O curso permite a utilização sistemática dos recursos populares ou os oferecidos pela rede pública e promove uma dinâmica onde não prevalece um diálogo caracterizado pelo exercício do poder de um indivíduo sobre outro, mas por um espaço de ofertas de propostas variadas e possibilidades de identificações que possam contribuir com a recuperação dos participantes.

A extensão respeita também o modelo biomédico e os avanços da neurociência. Focada na prática, tanto em ambientes públicos, como privados, não somente visa a eficácia, mas o acesso do usuário à assistência e prevenção da doença mental. Pretendemos ainda, considerando as mudanças acentuadas na sociedade com o desenvolvimento da informática, criar soluções para os problemas psicológicos e sociais, cujos sistemas de adaptações da estrutura econômica vigente não puderam resolver.

As ferramentas da Etnopsiquiatria são apropriadas para serem utilizadas, sobretudo, nas populações desenraizadas, decorrentes do deslocamento migratório, seja esta uma migração interna, no próprio país, como de povos com culturas e valores diversos.

O curso foca nos vínculos, na relação, no enxergar o outro, nas condições de respeito e aceitação da diversidade. Definiremos melhor os conceitos da Psiquiatria Transcultural, seu campo de atuação, as perspectivas para uma sociedade em constante transformação e o que deve saber o trabalhador de saúde mental para lidar com seus clientes no mundo informatizado.

Quais ferramentas desse novo mundo, da era digital, podem ser utilizadas como auxílio dos tratamentos nas nossas clínicas transculturais? Como intervir preventivamente nas comunidades que podem sucumbir às consequências de grandes mudanças? Neste momento de pandemia, cuja demanda de casos de problemas mentais cresceu, quais soluções mais sensatas e eficazes poderemos contar?

Vamos juntos buscar essas respostas no Curso de Extensão de Terapia Social da Faculdade Cesusc!

Marcos de Noronha
Médico Psiquiatra e Psicoterapeuta