Artigo: OS DESAFIOS DA JOVEM ADVOCACIA ADUANEIRA

  • Data de publicação
    6 de junho de 2023
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Por Alessandra Marcon Carioni1

Contribuições de:
Isadora Mello Guimarães Barth2
Fernanda Luz3

Palavras-chave: Artigo | Blog | Direito | Direito Aduaneiro

No artigo da coluna anterior, abordou-se os desafios das mulheres na ponta da aduana [https://cesusc.edu.br/mulheres-na-advocacia-aduaneira-aimportancia-do-protagonismo-feminino-na-ponta-da-aduana]. Neste artigo, sob uma perspectiva similar, discorrer-se-á sobre os desafios da jovem advocacia aduaneira.

Eis um tema pouco abordado, isso porque o Direito Aduaneiro, como disciplina, ainda não é unanimidade nas grades curriculares da graduação. Algo que vem sendo modificado, uma vez que a Faculdade CESUSC incluiu a matéria como
eletiva. Trata-se de uma grande evolução para os estudos aduaneiros.

A evolução é significativa, porém é apenas um passo dentro de um longo percurso. Para que tenhamos mais jovens advogadas e advogados aduaneiros(as) faz-se necessário a inclusão da disciplina em todas as universidades do país,
tendo em vista a relevância social e econômica da matéria exaustivamente comentada em diversos artigos de minha autoria.

No Brasil, são editas e formuladas milhares de leis anualmente, e uma boa parte reflete na matéria aduaneira. Como jovens advogados sem a base introdutória necessária para trabalhar com o instituto podem lidar com as diversas alterações
normativas? Fora a dificuldade de lidar com essa matéria, em específico, tem toda a questão de início de carreira: medo, inseguranças, dificuldades, anseios, entre outros fatores que assolam a jovem advocacia.

No âmbito Estadual, a OAB/SC tem como inscritos mais de 60% de jovens advogadas e advogados. É um numero que traz muita responsabilidade, visto que identificar a demanda de cada advogada e advogado é um grande desafio.

Nesse sentido, a Presidente da Jovem Advocacia da OAB/SC, Isadora Mello Guimarães Barth, compartilha como é presidir uma comissão tão importante e sensível para o sistema OAB:

Com muita honra assumi a importante missão de presidir a Comissão da Jovem Advocacia da OAB/SC.

Me comprometi a fazer tudo aquilo que estiver ao meu alcance para auxiliar aqueles que, assim como eu, estão diante dos desafiadores primeiros anos de profissão.

A Comissão da Jovem Advocacia se dedica a representar e defender as demandas da jovem advocacia catarinense, promover sua integração com a instituição e transmitir o sentimento de pertencimento ao sistema OAB.

O início de carreira é repleto de novidades, crescimento, aprendizado e realizações. Mas também é um período marcado por desafios, inseguranças e incertezas.

Por isso, sempre atenta às transformações da advocacia e à nova realidade da atuação profissional diante dos avanços tecnológicos, a Comissão da Jovem Advocacia está em constante atividade, trabalhando em iniciativas que buscam guiar e facilitar esta primeira etapa profissional.

Diante dessa preocupação com os advogados e advogadas em início de carreira, a Presidente ressalta os trabalhos que a Comissão vem desenvolvendo, justamente, para acolher os colegas que estão nessa fase inicial:

Desenvolvida pela Comissão, a Cartilha “Iniciando na Advocacia”, sempre atualizada e disponível no site da OAB/SC, reúne informações que abordam os instrumentos para uma atuação ética na profissão, explicando a forma como está estruturada a nossa instituição e o passo a passo para a montagem de um escritório. O material também dá sugestões envolvendo o relacionamento com clientes e marketing pessoal, sempre em convergência com os princípios e deveres que regem nossa profissão.

A Comissão também mantém 10 grupos de estudos no aplicativo Whatsapp, como, por exemplo: Direito Aduaneiro, Direito Digital, Marketing Jurídico, Direito de Família, entre outros, que programam encontros com convidados que são especialistas nos temas discutidos.

Os jovens advogados e advogadas catarinenses têm acesso a diversos cursos de capacitação, palestras, debates, a um Banco de Oportunidades para encontrar vagas de trabalho e podem participar de um Programa de Mentoria gratuito com profissionais consolidados no mercado.

E uma das prioridades da Comissão da Jovem Advocacia é também promover eventos de integração, proporcionando networking para aqueles que estão ingressando no mercado de trabalho.

Por fim, a Presidente da Comissão afirma o compromisso para com a jovem advocacia:

Estamos sempre abertos a contribuições, eis que o trabalho da Comissão é inteiramente direcionado a fortalecer a jovem advocacia catarinense.

O jovem advogado e a jovem advogada são os responsáveis pelas grandes revoluções no Direito, pois são aqueles que apresentam novas formas de pensar e de se comunicar.

A jovem advocacia é o motor das transformações!

Os desafios impostos pelo início de carreira não são nada fáceis e, portanto, espaços como esse intensificam os debates e aproximam ainda mais nossos pares que dividem as mesmas preocupações e angústias. No que tange à nossa matéria, a situação fica ainda mais complicada devido a limitação do acesso ao tema.

Para Fernanda Luz, os desafios de ser uma jovem advogada aduaneirista se intensificam, na medida em que há escassez doutrinária, logo, outros meios de acesso são requisitados:

É comum ouvir de colegas que a advocacia é profissão para os corajosos. Concordo. Entretanto, para a advocacia “vingar”, dar certo e colher os frutos, é preciso perseverança. Perseverar é a palavra com a qual mais me identifico nesse momento como jovem advogada. Persevera-se quando os estudos parecem infindáveis – e de fatos o são, porque a atualização é pertinente e diária. Persevera-se quando estamos construindo o nosso posicionamento frente ao cliente, quando estamos entendendo que lugar queremos ocupar. Persevera-se quando os desafios das práticas aniquilam dolorosamente os ensinos da graduação.

Agora, ser jovem advogada aduaneirista me colocou em uma posição ainda mais desafiadora, pois não tive qualquer contato com a matéria durante a faculdade, apenas na pós-graduação. Os estudos, além de diários, agora dobrados. Cada caso que chega éuma nova estratégia que émontada com base em produções doutrinárias escassas, atualizações rápidas dos normativos regulamentadores alfandegários. É preciso mentores. É preciso networking. Épreciso estudo.

O motor motivador é encontrar pessoas com as quais as visões igualam-se às minhas, participar de eventos enriquecedores e ver clientes satisfeitos. Tudo mais é consequência. O processo, se bem aproveitado, já́ éa predição do sucesso.

As dificuldades enfrentadas por nós, jovens advogados e advogadas, precisam ser pautas exaustivamente debatidas, sobretudo no nosso campo de atuação. O Direito Aduaneiro não é acessível, o que torna tudo mais desafiador.

Pouca experiência, insegurança, alta concorrência, dificuldades financeiras, posicionamento no mercado de trabalho, rede de relacionamentos – entre outros desafios a cada dia, tudo impacta a jovem advocacia. Por isso, a união se faz necessária e o apoio institucional também.

1Alessandra Marcon Carioni é jovem advogada aduaneira. Egressa e Embaixadora do curso de Direito da Faculdade CESUSC. Especialista em Direito Empresarial pela FGV/SP e Pós-Graduanda em Direito Tributário pela PUC/RS. Master in Business Administration com ênfase em Auditoria, Controladoria e Gestão Financeira pela FGV/PR. Contadora pela FAE Business School/PR. Membro colaborador da Comissão Especial de Direito Aduaneiro da OAB/SP. Coautora do livro “Direito Aduaneiro Contemporâneo”, publicado pela Editora Dialética. Assessora empresas que atuam no comércio internacional para otimizar as operações de importação e exportação, no escritório Catta-Preta & Salomão Advogados. E-mail: [email protected].

2 Isadora Mello Guimarães Barth é advogada trabalhista. Formada em Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC/RS. Pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho pela PUC/RS. Presidente da Comissão da Jovem Advocacia da OAB/SC e membro da Comissão Nacional da Jovem Advocacia/CFOAB.

3Fernanda Luz é jovem advogada, sócia fundadora da FLS Advocacia. Especialista em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários – IBET. Graduada pela Faculdade CESUSC. Membro da Comissão da Jovem Advocacia da OAB/SC.