Diretor do Cesusc será relator de processo de Anistia no TUCA

  • Data de publicação
    17 de março de 2011
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No dia 18 de março (sexta-feira), a Caravana da Anistia do Ministério da Justiça dará início às suas atividades de 2011. A primeira sessão será no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (TUCA), onde serão julgados quatro processos de ex-perseguidos políticos ligados à área da educação. Fundado em 1965, o TUCA foi sede de importantes manifestações políticas, tendo sido o palco de violenta invasão da PUC-SP pela repressão na noite de 22 de setembro de 1977, quando mais de dois mil estudantes reuniam-se no III Encontro Nacional de Estudantes, que buscava rearticular a União Nacional dos Estudantes (UNE). Metade dos estudantes foi presa e o teatro guarda até hoje marcas da invasão, conservadas durante as obras de restauração.

Nesta sessão da 48º Caravana da Anistia serão julgados os processos da Professora Maria Aparecida Antunes Horta, da Jornalista Denise Maria de Moraes Santana Fon, da Educadora Elza Ferreira Lobo e do Engenheiro Agrônomo Emílio Borsari Assirati. O evento abrirá o ciclo de atividades em comemoração aos três anos de criação das Caravanas da Anistia e aos dez anos da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, criada em 2001.

O Diretor Institucional do Cesusc e Conselheiro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Dr. Prudente José Silveira Mello, será o relator do processo de Anistia da Educadora Elza Ferreira Lobo que foi presa por quase dois anos, entre 1969 e 1971, e exilada na Argentina.

Elza Lobo participou da peça Morte e vida Severina (1965), de João Cabral de Mello Neto, no Teatro da TUCA, que se constituiu numa das obras mais representativas do nacional-popular, resgatando as raízes do homem simples do povo brasileiro como base da utopia de libertação. A música do espetáculo foi composta por Chico Buarque de Hollanda, destacando o artista nos anos seguintes. Com o sucesso do espetáculo, ele foi inscrito no 4º Festival Mundial de Teatro Universitário, em Nancy, na França. O dinheiro era escasso e para viabilizar a viagem, artistas faziam shows após a encenação da peça. Elis Regina, Dorival Caymmi, Geraldo Vandré e o próprio Chico Buarque doaram seus cachês. Chico chegou a vender o “Clóvis”, seu Fusca. Levantado o dinheiro, o espetáculo vai à França e sagra-se o vencedor do festival.


Foto: Peça Morte e Vida Severina – TUCA (1965)

Durante o evento desta sexta-feira, será apresentado o novo símbolo das caravanas em substituição à Bandeira das Liberdades Democráticas, que ficará em exibição no Memorial da Anistia Política do Brasil, assim que ele for inaugurado.

Além disso, também haverá o lançamento do projeto Marcas da Memória do Ministério da Justiça, com a abertura da exposição Sala Escura da Tortura, organizada pelo Instituto Frei Tito Alencar, do Ceará. A Sala Escura é um projeto crítico e de denúncia elaborado durante a década de 1970, composta por seis grandes painéis gráficos ilustrando práticas de tortura empregadas no Brasil durante a ditadura.

A exposição será instalada na Sala Visconde de São Leopoldo, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo (USP), e ficará aberta ao público nos dias 18 e 19 de maio.