Jornada de Psicologia encerrou com amplo debate sobre o tema “Angústia e Depress

  • Data de publicação
    16 de outubro de 2008
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A III Jornada de Psicologia do Curso de Graduação de Formação do Psicólogo do Cesusc encerrou-se nesta quarta-feira, dia 15, tendo contado com ampla presença dos acadêmicos e docentes do curso durante toda a programação, além da participação da comunidade. No último dia, quatro palestrantes formaram mesas de debate.

As professoras Carmen Andaló e Jaquelina Roland Ferreira dividiram a primeira mesa do dia e apresentaram os trabalhos “Desigualdade e Angústia” e “Eu não tenho ânimo? O paciente deprimido e o Psicodrama”, respectivamente.

Na explanação sobre seu trabalho, a professora Carmen esclareceu os presentes sobre a prática da terapia em grupo. “O grupo é essa tentativa de trabalhar sentimento, pensamento e companhia, de trabalhar plurais”.

Já a professora Jaquelina abordou alguns casos clínicos para apresentar seu tema. “Quando a espontaneidade diminui, a angústia toma conta e, à medida que resolvemos nossas questões, a angústia vai passando”.

A segunda mesa foi composta pelos professores Gustavo Sepúlveda, falando sobre o tema “Angústia e Depressão” e José Araújo Filho, que apresentou o trabalho “Aproximações clínicas entre angústia e depressão”.

Para o professor Gustavo, a angústia é característica inerente ao homem. “É da existência do humano ser angustiado, é algo do humano. A única saída para depressão é ir de fato ao encontro do mundo.”

Já o professor José Araújo citou os mestres da psicanálise Freud e Lacan para apresentar seu trabalho. “Falar das relações entre o afeto que se encerra, a depressão, e o peito que dilacera, a angústia”.

Encerramento contou com presença do Centro Acadêmico

Ao término da última mesa de debates da Jornada, o evento encerrou-se, com a presença da coordenadora da organização do evento, professora Andréa Pesca, e da dirigente do CA de Psicologia, Valésia Favaretto.

A acadêmica Valésia destacou a importância de os alunos terem se unido em torno da organização da Jornada. “Temos orgulho de ser co-autores desse evento que engrandece nossa formação acadêmica”.

A professora Andréa lembrou o valor de aprendizagem conferido por palestras como as assistidas durante a Jornada. “Este foi um evento para o crescimento e o desenvolvimento do saber científico”.

Saiba mais
O tema geral escolhido para a Jornada de Psicologia deste ano foi “Angústia e Depressão”. A organização do evento coube à Coordenação do curso de Psicologia e à direção do Centro Acadêmico de Psicologia. Entenda melhor o tema da Jornada no texto de divulgação preparado pela comissão organizadora:

 “O tema de nossa III Jornada de Psicologia do Curso de Graduação de Formação do Psicólogo do Cesusc busca trazer ao debate acadêmico uma experiência que, antes de mais nada, é do terreno do senso comum. Depressão e angústia são experiências que os seres humanos vivenciam em sua existência. Viver a vida implica que em algum momento, muitas vezes inesperado, a experiência do estado do ser e do afeto, que não engana, se imponha aos humanos. A depressão, como um estado do ser, e a angústia, como o afeto que não engana (como formula a psicanálise freudiana), são experiências ordinárias, sofridas, acachapantes, que testemunham a vida que é vivida em seu (in)sustentável viver. É por isso que depressão e angústia são antes do terreno do senso comum do que da ciência e da academia. O saber no senso comum antecipa-se, por força da experiência, ao saber científico.

O tempo atual que nos assola imprimiu um desnivelamento na experiência da depressão e da angústia. A psiquiatria, apoiada à unicidade biológica, pauta-se numa terapêutica farmacologia para o tratamento dessa experiência que, passando pelo triturador científico, faz com que a depressão tenha sido alçada ao patamar de doença (conforme a OMS) e a angústia ao patamar de síndrome. Vale dizer que o crucial da síndrome de pânico está enquadrado na angústia, das relações do que quer que seja o “pane” com esse afeto nada enganoso.

Será que podemos atestar a condição de doença ao ser que sofre depressão? A ciência dos transtornos mentais entende que o ser sofre de depressão, o que lhe confere o estatuto de doença. No entanto, o que testemunha o senso comum, frequentemente, é que o ser deprime.

Será que a clínica das psicoterapias, das psicofarmacologias e das psicanálises, como testemunhas dos saberes produzidos por seus clientes, pacientes e analisantes, aludem a articulações entre depressão e angústia?

Enfim, há um mundo de “vastas emoções e pensamentos imperfeitos”, como intitula um de seus livros nosso singular literato Rubem Fonseca. E nesse mundo que é a vida, depressão e angústia nos convocam a uma abertura para o saber.

Que nossa III Jornada de Psicologia propicie momentos frutuosos no campo do saber."