Faculdade Cesusc recebe evento para discutir Violência Obstétrica
A Faculdade Cesusc, por meio do Curso de Psicologia, e a Associação de Doulas de Santa Catarina (ADOSC) promoverão no próximo dia 17 de outubro, às 19 horas, um evento com várias palestras sobre Violência Obstétrica. Entre os temas abordados estão pesquisas, legislação e acolhimento às mulheres durante o pré-natal e o parto.
À frente do evento está a Doula e Presidente da ADOSC, Gabriela Zanella, que também é Fisioterapeuta, Pós-Graduada em Saúde Coletiva e graduanda em Enfermagem. Participam dos debates a advogada e ativista Mariana Salvatti Mescolotto, a acadêmica do Curso de Psicologia da Faculdade Cesusc e Doula Virgínia Vianna, e a Doutora em Saúde Coletiva Lígia Moreira Sena.
Gabriela vai falar sobre a importância da Doula no cenário da assistência obstétrica e do papel da profissional na prevenção da Violência Obstétrica (VO) e das ações políticas e sociais no combate à VO. “Um dos grandes papeis sociais da Doula é informar as mulheres sobre o processo do parto e do nascimento e como se preparar. Nossa função é dar apoio e suporte emocional e físico durante o parto e no pós-parto, mas para esse trabalho ser mais efetivo, é preciso que a Doula tenha vínculo desde o pré-natal. Só isso já é uma luta contra a VO no sentido que estamos informando as mulheres sobre vários aspectos do parto”, explica.
Segundo ela, ainda há muitos relatos de mães que sofrem violência obstétrica e isso é relatado com muito sofrimento. “Uma gestante, ao ouvir histórias de partos normais que tiveram algum tipo de violência, acredita que aquela experiência traumática também será sua, muitas vezes optando pelo nascimento cirúrgico aumentando assim ainda mais os números de cesárea no Brasil. Fora isso, ainda há muita indução dos profissionais médicos para realização de cesariana sem indicação clínica. Ainda temos resistências, mas aos poucos estamos conquistando nosso espaço e conseguindo apoio nas maternidades de todo o Estado”, anima-se.
De acordo com estudos, 95% dos partos normais no Brasil têm algum tipo de intervenção, sem contar as cesárias. “Não somos contra a cesária, mas percebemos que quanto mais informação, mais as mulheres optam pelo parto normal atentas às intervenções ou violências obstétricas”, completa.
Há pesquisas que apontam diversos benefícios as gestantes que têm o acompanhamento de uma Doula: diminuição da taxa de cerarianas, diminuição das intervenções, satisfação materna aumentada, mais amamentação etc. Em Santa Catarina, a Lei da Doula (16.869/2016), que autoriza a presença de Doulas mediante solicitação das gestantes em maternidades e hospitais catarinenses, foi regulamentada no mês passado.