Nos últimos dias 7 e 8 de agosto, a Faculdade Cesusc recebeu o Projeto Cinema Pela Verdade. Quatro filmes foram exibidos durante os dois dias do evento que lotou o auditório por duas noites seguidas. Dentre as sessões realizadas em Florianópolis, o Cesusc foi o local que reuniu maior público, segundo a coordenação do evento.
Após cada filme, foi realizado debate abordando as temáticas específicas de cada obra e suas relações com diferentes áreas do conhecimento, como o direito, a comunicação e a administração.
No primeiro dia, o debate sobre o filme chileno NO! (2012) reuniu os professores do Cesusc Aline Regina Santos, da Administração, e Elton Fogaça, do Direito. A professora expôs linguagens da administração presentes no filme, como o público alvo, o discurso mercadológico e outras relações com a economia. Para ela, “o principal legado que o Projeto Cinema Pela Verdade deixou para os participantes foi a possibilidade de refletir sobre a dicotomia dos regimes (totalitário/democrático) e o papel da comunicação no contexto social tanto daquele período histórico quanto dos dias atuais, além do debate sobre a influência das mídias sociais nesse diálogo”. O Professor de Filosofia do Direito, Elton Fogaça, defende que a Faculdade é um espaço de educação e deve servir para transformar o modo como todos os presentes interagem com o mundo que os rodeia. Para ele, o debate acerca das questões públicas é um modo de promover a educação e encontrar novas maneiras de se organizar a sociedade.
O acadêmico de Direito, Pedro Corrêa Guedes, acredita que os debates realizados após os filmes contribuem para a dinâmica diferente de ensino já característica do Cesusc, e são importantes para que os presentes no evento entrem em contato com visões diferentes sobre os dramas da ditadura, além de servirem para amadurecer as teorias aprendidas em sala de aula.
“É impossível repor tudo que foi perdido por quem enfrentou um regime ditatorial”. Foi com essa fala que o Professor Samuel Martins iniciou o debate que seguiu a exibição do filme Infância Clandestina (2011). Ele falou principalmente sobre os esforços internacionais na área do Direito Reparatório e sobre os desafios que o Brasil tem pela frente na tentativa de cicatrizar as feridas que foram abertas nesta fase política que, felizmente, já foi superada.
Para Marina Molina que estuda na UFSC, e veio especialmente para assistir às sessões do Cinema Pela Verdade, “o projeto é muito interessante pra que as pessoas saibam o que aconteceu. Faz parte da nossa história”. Ela disse também que assistir aos filmes fez com que tivesse vontade de saber mais sobre a ditadura brasileira.
No último dia do evento, o Professor Fabiano Hartmann participou da mesa debatedora, e destacou a densidade das obras exibidas em todas as sessões da Mostra. Para ele, o fato de serem baseadas em fatos e histórias reais contribui para a profundidade psicológica de cada filme. Ele contou suas experiências como uma criança crescendo em meio à ditadura, e traçou paralelos com a ditadura argentina, retratada pelo filme Infância Clandestina. Em suas considerações finais, destacou a função principal de todas as iniciativas que lidam com as memórias e injustiças da época em que o Brasil foi governado por militares: “Aprender com as lições do passado para que tenhamos um futuro mais feliz”.
O Cinema pela Verdade é uma mostra de filmes sobre o período da Ditadura Civil Militar no Brasil e em outros países da América Latina e suas consequências, promovida pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, por meio do Projeto Marcas da Memória e o Instituto Cultura em Movimento – ICEM.