O Diretor-Presidente do Cesusc, Prudente José Silveira Mello, participa na segunda-feira (8), no Rio de Janeiro, como relator do processo de Maria Célia de Melo Lundberg, submetido a julgamento pela Comissão de Anistia. Ela tinha 27 anos ao ser presa, torturada e violentada sexualmente sob a acusação de participar de reuniões da Ação Libertadora Nacional (ALN), uma organização clandestina. No Requerimento, Celia, que fugiu para o Chile e depois para a Suécia, pede do Estado Brasileiro uma aposentadoria para que possa voltar a viver no país.
Aos 68 anos, casada com um Sueco, ainda se lembra dos militares armados com metralhadoras invadindo o apartamento em que morava, em Belo Horizonte, com mais oito irmãos. Ela havia acabado de se formar em Geografia e Educação Física na Universidade Católica. O irmão Hervê, que a influenciou para participar das reuniões da ALN, já estava preso no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) mineiro.
No depoimento por escrito à Comissão, conta ter sido submetida a interrogatórios, torturas psíquicas e físicas. “No Dops me falavam que eu tinha feito milhões de coisas, mas nunca participei de nada pesado”, conta Celia, que tem uma memória confusa em relação ao que ocorreu na cadeia. Não há registro de que ela tenha agido como militante em ações armadas, assaltos a banco ou sequestros.
Indignada, ela desabafou para a revista Carta Capital, em entrevista publicada no dia 05 de Outubro: “Os terroristas continuaram com seus vencimentos normalmente, sem ter de apresentar nenhum requerimento para isso. Muitos foram promovidos.”
O julgamento faz parte da 62ª Caravana da Anistia, que está inserida na programação do Festival Internacional de Cinema do Rio 2012. Durante o evento, devem ser avaliados também os casos de Daniel Carvalho de Souza e Maria Cristina da Costa Lyra. Ainda no dia 8, às 17h30, será lançado o documentário “Eu me Lembro”, de Luiz Fernando Lobo, realizado em parceira com seu projeto Marcas da Memória.