Um caminho transcontinental que percorria a América do Sul ligando os oceanos Atlântico e Pacífico foi construído há cerca de 1500 anos tendo em um de seus extremos as praias de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Essa história virou tema de livro da jornalista e escritora Rosana Bond que esteve no campus, no dia 4/9, para autografar a obra “A história do caminho de Peabiru – Descobertas e segredos da rota indígena que ligava o Atlântico ao Pacífico” (editora Aimberê), lançada em junho deste ano. Autora de outras quatorze obras, a paranaense Rosana reside em Santa Catarina e também ministrou palestra sobre o tema para os estudantes do Colégio Cruz e Sousa.
Saiba mais sobre o livro
Esse é o primeiro de dois volumes em que Rosana Bond conta o que descobriu após quatorze anos de pesquisas sobre o caminho de Peabiru. Além de pesquisas em fontes documentais e obras diversas sobre o tema, a autora conviveu todos esses anos com o povo guarani, adquirindo a confiança das lideranças dessas comunidades, que lhe contaram um pouco dos segredos sobre o caminho passados oralmente de geração para geração.
Por meio de suas pesquisas, a autora constatou que o Peabiru tem cerca de 4 mil quilômetros e é conhecido pelos guaranis como o “caminho comprido”, “caminho do sol” ou “caminho dos deuses”. O trajeto tem em um de seus extremos o litoral catarinense, paranaense e paulista, e, no outro, a costa do Peru e Chile.
Um recurso engenhoso permitia que o caminho permanecesse sempre forrado por grama: a espécie escolhida para marcar o percurso possuía sementes glutinosas aderentes aos pés e calcanhares dos índios, que propagavam a planta conforme percorriam a trilha.
O objetivo de percorrer o caminho para os guaranis, segundo relata a autora, era provavelmente o de alcançar um lugar lendário chamado terra sem mal, o paraíso terrestre. Essas migrações guaranis, de diversos pontos do Paraguai, Argentina e interior do Sul do Brasil continuam acontecendo até hoje.
O primeiro volume da obra “A história do caminho de Peabiru – Descobertas e segredos da rota indígena que ligava o Atlântico ao Pacífico” traz uma síntese histórica sobre o Peabiru e um ensaio sobre a civilização indígena da América, bem como sobre os caminhos nativos da América. São apresentadas também as duas primeiras teses sobre os possíveis "construtores" do Peabiru: o povo itararé e o povo guarani. As outras duas teses (incas e a figura lendária de Sumé) serão mostradas no Volume 2, que conterá ainda um amplo estudo sobre os trajetos do Peabiru.