Criadora do Movimento Tortura Nunca Mais recebe título Honoris Causa

  • Data de publicação
    28 de abril de 2014
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Criadora do Movimento Tortura Nunca Mais recebe título de Professora Honoris Causa da Faculdade CESUSC 

A Faculdade de Ciências Sociais de Florianópolis, mantida pelo CESUSC, homenageou a trajetória de vida e profissional da Ph.D Cecília Maria Bouças Coimbra com o título de Professora Honoris Causa.

A criadora do Movimento Tortura Nunca Mais agradeceu a homenagem, “sempre fui vista como ‘a política’, é a primeira vez que recebo uma homenagem como professora”. Ela dividiu, com os participantes, histórias desde sua prisão em 1970 até a criação do Movimento.

Sempre envolvida com a defesa dos Direitos Humanos, Cecília Coimbra listou conquistas populares e criticou atitudes dos militares, tanto na época da ditadura quanto atualmente. “Os grupos que estavam no poder durante a ditadura civil-militar, ou melhor, empresarial-militar, ainda estão no poder”.

Cada atitude pode fazer a diferença, devemos ser responsáveis com todas as pequenas coisas do nosso cotidiano, aconselhou a Professora Honoris Causa.

Após a outorga do título, Cecília Maria Bouças Coimbra conheceu os projetos de atendimento à comunidade desenvolvidos na Faculdade. O Escritório de Atendimento Jurídico (ESAJ), que presta assistência jurídica gratuita a comunidades carentes; o Posto de Atendimento e Conciliação (PAC), que promove audiências conciliatórias para resolver pequenos conflitos e o Centro de Produção de Saberes e Práticas em Psicologia (CEPSI)

Sobre Cecília Maria Bouças Coimbra

Cecília Coimbra nasceu em 1941, no Rio de Janeiro, é Psicóloga, Historiadora, umas das fundadora do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e Professora Adjunta aposentada na Universidade Federal Fluminense, vinculada ao programa de Pós-Graduação Estudos da Subjetividade.

Cecília Maria Bouças Coimbra se formou em História, em 1966, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua segunda graduação foi em Psicologia pela Universidade Gama Filho, em 1974. Fez Mestrado em Psicologia da Educação pela Fundação Getúlio Vargas (1980), Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano na Universidade de São Paulo (1992) e Pós-Doutorado em Ciência Política na Universidade de São Paulo (1999).

Em sua pesquisa de Doutorado, tratou de um tema que a interessava muito: as práticas da Psicologia aliadas à Ditadura. O trabalho, concluído em 1992 pela USP, chama-se “Guardiães da Ordem, uma viagem pelas práticas psi no Brasil do milagre”, publicado pela Editora Oficina do Autor, em 1995. Esgotado, esse livro encontra-se online. Publicou também sua pesquisa de Pós-Doutorado sob o título “Operação Rio: o mito das classes perigosas”, em 2001, pela mesma editora.

Cecília Coimbra foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Durante sua graduação em Psicologia, foi presa no DOI-CODI/RJ, em 1970, no Rio de Janeiro. Foi torturada muitas vezes. Em 1979, com o intuito de realizar alguma intervenção na formação do psicólogo, tornou-se professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal Fluminense. Foi conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (2004 a 2008) e a primeira coordenadora da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Centro de Filosofia e Psicologia, em 1997.