Já ouviu falar em Neuromitos?

  • Data de publicação
    12 de abril de 2022
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Ontem postamos algumas enquetes no nosso perfil do Instagram sobre os Neuromitos, aquelas dúvidas que todo mundo tem sobre o complexo cérebro humano.

Quem respondeu se era mito ou verdade foi o professor Adriano Emanuel Machado, coordenador do nosso novo curso de pós-graduação, Neurociências e Educação. Confira:

 

Crianças que escutam música clássica se tornam mais inteligentes.

Origem do Mito: Alguns trabalhos experimentais realizados na década de 90 sugerem que escutar música clássica pode melhorar o desempenho em algumas tarefas que envolvem inteligência. Embora estes estudos tenham um N amostral pequeno e efeitos não tão significativos, depois de serem divulgados pela imprensa, convenceram o público leigo e serviram de base para o surgimento do mito.

Por que é um mito: A inteligência é um conceito complexo e cheio de sinuosidades na sua compreensão, e envolve vários aspectos do comportamento e cognição. Nenhum estímulo individual é capaz de justificar ou explicar a inteligência de um indivíduo. Ela depende de aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais que vão muito além de escutar música clássica quando criança.

 

Usamos só 10% de nosso cérebro.

Origem do Mito: Este mito provavelmente tem sua origem no livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, no qual se apresenta a ideia que os seres humanos usam apenas 10% do seu potencial mental/cerebral e que gênios poderiam ser explicados por usarem mais que essa porcentagem.

Por que é um mito: Nosso cérebro é fruto de um longo processo evolutivo de interações biológicas, comportamentais e socioculturais. Um cérebro tem um custo energético e biológico enorme para o organismo, precisando de muitos nutrientes para se desenvolver e funcionar. Seria extremamente desvantajoso gastar tanto material e energia em uma estrutura que funciona apenas com 10% de sua capacidade. Na realidade usamos 100% de nosso cérebro para controlar nosso comportamento. Mesmo em repouso, todas as células cerebrais trabalham incessantemente para nos manter vivos, responsivos e prontos para nos adaptarmos ao ambiente. De fato, algumas tarefas podem exigir mais ou menos de estruturas cerebrais específicas, mas ainda assim a potência de nosso cérebro é sempre usada na sua totalidade.

 

Pessoas que utilizam o lado esquerdo do cérebro são mais comunicativas e lógicas, já aquelas que usam o lado direito são mais criativas e artísticas.

Origem do Mito: De fato, quando realizamos tarefas relacionadas à linguagem e à lógica, regiões do lado esquerdo do cérebro parecem ter papel singular. Assim como quando estamos engajados em uma tarefa envolvendo criatividade e arte, o lado direito do cérebro apresenta atividades específicas.

Por que é um mito: Ainda assim, nosso cérebro trabalha de forma coordenada entre os hemisférios, cada tarefa e atividade de nosso dia a dia envolve diferentes áreas cerebrais, em ambos os lados do cérebro, não havendo uma separação funcional entre eles, mas sim uma atividade coordenada (inclusive estão de forma anatomofuncional robustamente conectados pelo corpo caloso). Logo, mesmo nas atividades mais lógicas e racionais, assim como nas artísticas e criativas, usamos ambos os hemisférios cerebrais, em uma coordenada e eficiente troca de informações.

 

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